sábado, 26 de março de 2011

Terapias medicamentosas que não dão certo – de quem é a culpa ?

ARTIGO
Muitas vezes ouvimos reclamações de alguns pacientes sobre o tratamento que foi estabelecido, de que não esta dando certo. Porém, nem sempre é observado se o tratamento está sendo seguido conforme as orientações do profissional de saúde envolvido seja ele médico, enfermeiro, fisioterapeuta, farmacêutico, odontólogo, nutricionistas ou outro que faça parte deste contexto.

O tratamento indicado por qualquer profissional precisa ser respeitado sistematicamente, pois antes de uma conduta terapêutica ser tomada sempre há um estudo embasando tal atitude. Ser um paciente “obediente” às orientações medicamentosas ou comportamentais,  representa o sucesso ou fracasso do tratamento.
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Gostaria de falar primeiramente sobre a farmacologia medicamentosa, apesar de ser um assunto complexo, e que não vamos esgotá-lo aqui.
A farmacologia é o estudo da interação dos fármacos (medicamentos) com o homem e com os animais. Engloba neste processo a absorção dos medicamentos, a distribuição do mesmo dentro do organismo, o metabolismo ou biotransformação e a excreção.
 Após ingerirmos um medicamento, ele é absorvido no sistema digestivo e é levado para o fígado onde é metabolizado (o que chamamos de fenômeno de primeira passagem). Parte do medicamento é retido neste órgão, e outra parte entra na corrente sanguínea para realizar o efeito terapêutico esperado. Aqui identificamos a importância de tomar corretamente a dosagem recomendada. 
A medida da extensão de uma droga (medicamento) terapeuticamente ativa, (aquela parte que falamos que entra na corrente sanguínea), que está disponível no local de ação (órgão ou sistema) para a qual ela foi determinada, chamamos de biodisponibilidade.
Os medicamentos administrados de forma intravenosa são mais aproveitados pelo organismo do que os que são ingeridos pela via gástrica (via oral), devido ao fenômeno de primeira passagem.
Alguns medicamentos são altamente seletivos agindo em determinado órgão ou sistema do corpo, já outros são relativamente não seletivos, pois atuam em diferentes órgãos e sistemas.  Podemos entender que uns tem um encaixe perfeito e outros se espalham no corpo, ocorrendo assim, muitas vezes, os efeitos colaterais.
Nosso organismo  tem comportamentos diferentes  para um determinado medicamento, pois o efeito não é o mesmo para todos. Uma isoensima hepática chamada citocromo-p 450  determina os efeitos da maioria dos medicamentos no corpo – uma droga é mais potente pra uns e menos potente pra outros, e também exerce papel fundamental nas interações medicamentosas ( quando um medicamento não pode ser tomado junto com outro ou quando é indicado pra pontecializar o efeito terapêutico)  – muito importante não combinar remédios sem orientação médica). E para os que utilizam de bebidas alcoólicas o cuidado deve ser redobrado.
Como já falamos, não vamos aqui esgotar as informações sobre farmacologia, mas queremos que você entenda que tomar remédio conforme a orientação médica ou de outro profissional competente é de extrema importância. Vamos mostrar algumas poucas situações em que o tratamento pode ser fracassado: em primeiro lugar falamos sobre um grande problema que o uso indiscriminado dos antibióticos. A dosagem, o horário em que deve ser tomado, o número de dias estabelecidos, se antes ou após as refeições e a não associação com outros medicamentos devem ser seguidos como uma receita de bolo, nos mínimos detalhes. Cada classe de antibióticos tem sua função determinada para o tipo de bactéria que se quer tratar. Em segundo lugar chamamos a atenção para as pessoas que precisam tomar medicamentos para reduzir o diabetes. Estes medicamentos têm um tempo de ação cronometrado, se é para tomar uma hora antes da alimentação é porque o pico de ação coincidirá com o momento em o alimento vai aumentar a glicemia no sangue.
Se não estiver se alimentando por alguma situação é muito perigoso se medicar, pois a pessoa poderá sofrer uma hipoglicemia severa e complicar sua situação clínica. Para os que usam insulina injetável é muito importante fazer a dosagem glicêmica capilar antes da injeção do composto – principalmente para insulina regular que tem ação rápida. Em terceiro vamos falar dos medicamentos para hipertensos (pressão alta), é necessário conhecer o tempo de ação destes medicamentos, pois esses precisam de doses seqüenciadas. Não podemos deixar que o organismo sofra o efeito “sanfona”, aumenta e diminui, pois podemos assim provocar um pico hipertensivo (pressão muito alta na falta do remédio) causando sérios danos à saúde. Lembramos também que a dieta neste caso e no caso dos pacientes diabéticos são tratamentos coadjuvantes importantíssimos.
Uma ultima informação neste contexto é sobre os antiinflamatórios. Todos estes tipos de medicamentos devem ser utilizados com cautela, pois também se dividem em diversos mecanismos de ação diferentes em nossos organismos. Alguns têm ação em tecidos moles e outros em tecidos ósseos. Assim também como os antibióticos afetam o fígado e os rins se usados de forma indiscriminada. Há uma grande confusão entre o que é antiinflamatório e o que é antibiótico.  Uma forma simples de entender é que o antibiótico mata bactérias e o antiinflamatório não mata, apenas alivia a dor e o inchaço, ou desinflama. Poderíamos falar de outras classes de medicamentos, mas tudo se resume a uma única situação – seguir fielmente às orientações. 
Outra situação que gostaríamos de deixar claro para os amigos internautas é que os tratamentos alternativos devem ser analisados com muita cautela, pois muitas vezes damos ouvidos a mitos. Quando se trata de um problema de saúde que precisa de solução rápida, os farmacológicos são na maioria das vezes mais efetivo devido sua ação rápida.  Também sou adepto às terapias alternativas, porém  procuro sempre um embasamento científico.
 Espero que tenha contribuído para que você ou outra pessoa que ouça seus comentários melhore a qualidade de vida, com terapias mais eficientes. Nunca esquecendo que o melhor remédio é a prevenção.
Waldiney Canni Santos é enfermeiro e atua no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA Juína) e escreve especialmente para o JNMT

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