O saudoso e sempre lembrado Ruy Barbosa (de Oliveira), nascido em Salvador – BA em 5 de novembro de 1849 e falecido em Petrópolis, em 1º de março de 1923, jurista, político, diplomata, escritor, filólogo, tradutor e grande orador, no seu artigo denominado A Imprensa e o Dever da Verdade escreveu e deixou para as gerações futuras uma importante lição sobre a responsabilidade da imprensa: “a imprensa é a vista da Nação. Por ela é que a Nação acompanha o que lhe passa ao perto e ao longe, enxerga o que lhe malfazem, devassa o que lhe ocultam e tramam, colhe o que lhe sonegam, ou roubam, percebe onde lhe alveja, ou nodoam, mede o que lhe cerceiam, ou destroem, vela pelo que lhe interessa, e se acautela do que a ameaça”.
Mais adiante, no mesmo texto, completa o mestre do saber: “Um país de imprensa degenerada é um país cego e um país doente, um país de idéias falsas e sentimentos pervertidos, um país, que, explorado na sua consciência, não poderá lutar com os vícios, que lhe exploram as instituições”.
Por isso a liberdade de imprensa merece ser prestigiada, pois ela precisa dizer, sempre, o que merece e precisa ser dito. Os que discordarem das informações por ela publicadas poderão, querendo, pedir que seja esclarecida a verdade. E até mesmo ingressarem em juízo visando eventual reparação de danos. É que a liberdade da imprensa deve vir acompanhada, sempre, da respectiva responsabilidade.
Não é de hoje, portanto, que existe a boa e a má imprensa.
A boa imprensa é aquela patrocinada pelos leitores e pela iniciativa privada, que acreditam na força do trabalho sério e honrado como fonte de sucesso e, sendo independente justamente por isso, exerce com liberdade e responsabilidade a crítica: sabe aplaudir, mas sabe, principalmente, apontar erros e denunciar malfeitos. Foi essa imprensa que, denunciando os fatos do passado que eram contrários ao interesse público, possibilitou mudanças de governos de um partido para outro, na tentativa de acertar.
Já a má imprensa normalmente é financiada com dinheiro público para só falar bem dos governantes, pois destes depende sua existência e manutenção. Não sabe fazer crítica. Só sabe bajular. Acredita apenas na força da corrupção e dos conchavos como forma de enriquecimento ou sobrevida. É essa imprensa pobre e podre que fecha os olhos à lama na qual se chafurdam os governantes a que serve; deturpa e oculta a verdade; faz que não vê os malfeitos; procura destruir a credibilidade dos que exercem a crítica e, infelizmente, às vezes possibilita a continuidade de maus governos no poder.
É nossa responsabilidade ficarmos atentos ao que os órgãos de imprensa publicam. Assim como as pessoas, nenhum grupo, instituição ou partido é composto só de santinhos, assim como nenhum grupo, instituição ou partido é composto só de demônios. Quando algum órgão de imprensa só aplaude ou só faz crítica destrutiva aos governantes, é hora de se acender, dentro de nós, a luz amarela da espera e da reflexão, a fim de que possamos analisar sua linha de conduta e descobrir se ele está ou não a serviço dos governantes de plantão; se informa ou desinforma; se revela ou esconde a verdade.
Só assim, parafraseando o gênio baiano, teremos chance de evitar uma imprensa degenerada, para termos um País, um Estado e uma cidade que não é cega e nem doente; sem idéias falsas e sem sentimentos pervertidos; que não se deixa explorar na sua consciência, que luta contra os vícios, para que não lhe explorem e enganem.
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Gilmar da Cruz e Sousa, advogado em Juína – MT e-mail gcruzadv@gmail.com
Sábias palavras, Dr. Gilmar, fico orgulhoso de saber que em nossa cidade existe um advogado consciente, competente, sério e tão brilhante nas palavras... quanto ao dito, fique tranquilo Doutor, o povo de Juína está atento!!
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