Mais um frigorífico fechou as portas em Mato Grosso na semana passada. Desta vez foi o ForteBoi, empresa de pequeno porte que recebe inspeção apenas do serviço de defesa sanitária estadual. O ForteBoi abate o gado em Juína (a 720 quilômetros de Cuiabá), faz a desossa em Sinop e vende a carne em Rondonópolis.
A empresa, que acumula um passivo de R$ 9,4 milhões, inicia nos próximos dias o plano de pagamentos aos credores, entre os quais estão pecuaristas e instituições financeiras. Os bancos acumulam a maior parte da dívida. Ao acatar o pedido de recuperação judicial, a juíza Alethea Assunção de Santos justificou o deferimento argumentando que "a reestruturação e encaixe financeiro é equalizável".
A partir da data do deferimento, a juíza determinou a suspensão de todas as ações ou execuções contra o frigorífico e ordenou que sejam apresentadas contas demonstrativas mensais, durante o período de recuperação.
A partir da data do deferimento, a juíza determinou a suspensão de todas as ações ou execuções contra o frigorífico e ordenou que sejam apresentadas contas demonstrativas mensais, durante o período de recuperação.
O advogado da empresa, Eduardo Henrique Vieira, disse que as dificuldades de mercado e a concorrência com os grandes frigoríficos, que obtém empréstimos a juros menores no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), dificultaram a atividade da empresa. Ele afirmou que o próximo passo do processo de recuperação será a elaboração do plano de pagamento aos credores. Este cronograma de pagamentos deve ser produzido e negociado junto aos credores em 60 dias.
"Nossa prioridade é pagar inicialmente os pecuaristas que fomentam a atividade, e em seguida os bancos e outros credores", informou. O superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, disse à Agência Estado que a entidade ainda não foi procurada pela direção da empresa para discutir a proposta. Vacari afirmou que o fechamento do ForteBoi não terá o mesmo impacto econômico da quebra dos grandes grupos frigoríficos, que deixaram uma dívida de R$ 200 milhões juntos aos pecuaristas.
Entretanto, segundo ele, o prejuízo proporcionalmente será enorme, pois a maior parte dos fornecedores da empresa é de pequenos produtores, que dependem da renda obtida com a entrega de um a dois caminhões de bois para abate por mês. Vacari disse que a Acrimat lamenta a situação, pois a quebra do ForteBoi reduz ainda mais a capacidade de abate em operação em Mato Grosso.
Segundo a entidade, das 40 plantas frigoríficas do Estado que recebem inspeção federal, apenas 24 estão em operação. Cálculos feitos pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), com base em levantamento do Instituto de Defesa Agropecuária (Indea-MT), indicam que a média de utilização da capacidade industrial instalada por parte dos frigoríficos sob inspeção federal nos dois primeiros meses deste ano, último dado disponível, ficou em 49%. A média do ano passado foi de 44,1%. (IG)
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