Nas unidades de saúde, constantemente deparamos com situações diversas de infecções ginecológicas e muitas relacionadas à higienização íntima inadequada. Para uma vida mais saudável é necessário tomar alguns cuidados simples, no entanto importantíssimos.
A mulher moderna tem uma vida na maioria das vezes conturbada, pois não é mais aquela mulher que trabalha somente dentro de casa. Dividem o tempo entre os trabalhos domésticos, os profissionais fora de casa e estudos. Essa vida agitada faz com que elas adotem comportamentos que sejam mais adequados a rotina diária, porém nem sempre saudáveis. O uso contínuo de roupas apertadas o dia todo, como por exemplo, a calça jeans, uso de protetores vaginais (absorventes), uso de cremes e perfumes íntimos, calcinhas com tecido sintéticos entre outros, tem sido a causa de muitas infecções ginecológicas. O estresse em consequência do estilo de vida tem sido responsável por inúmeros problemas de saúde, principalmente doenças relacionadas com a imunidade prejudicada.
O uso de sabonetes comuns para limpeza da região íntima não é adequado, pois estes sabonetes têm um ph alcalino, o que prejudica a flora bacteriana existente no corpo. Os sabonetes íntimos são mais apropriados, pois possuem um ph ácido equivalente ao ph vaginal, promovendo equilíbrio do ph intimo e realizando a limpeza de forma adequada.
Lembramos que é normal a mulher apresentar secreção vaginal transparente, sem nenhum tipo de odor, sem a presença de prurido (coceira), variando conforme o ciclo menstrual. Inclusive no período gestacional é comum este tipo de ocorrência. Quando a secreção passa a ter um odor desagradável com coloração diferente (esverdeada, amarelada, escura, acinzentada ou outra), ou com prurido, é necessária a realização do tratamento. Pois corrimentos com estes aspectos clínicos podem está sendo causados por bactérias, fungos, protozoários ou outros problemas que precisamos de intervenção médica.
Dentre as infecções ginecológicas encontramos as provocadas por candida vulvovaginal, trichomonas, gardnerella, clamídia entre outras. O tratamento pode ser feito com medicamentos tópico ou por via oral. Em alguns casos é necessário tratar também o parceiro sexual.
Alertamos que não basta apenas tratarmos o problema em si, é preciso uma mudança de hábitos e comportamentos. Aderir a orientações de médicos ginecologistas e profissionais capacitados sobre o assunto.
Vamos exemplificar algumas situações que podem está sendo o fator causador do seu problema ginecológico:
Situações comportamentais: 01 - o hábito de durante o banho lavar a calcinha e deixar pendurada pra secar dentro do banheiro. Este local não é apropriado, pois é um ambiente pouco arejado úmido e contaminado com bactérias e outros tipos de fungos em geral, que podem ficar sobre o tecido da peça intima e desencadear um processo infeccioso. 02 - lavar peça íntima junto com meias ou outras roupas sujas. Não é a melhor opção, pois a limpeza não vai ser adequada. Nem sempre o sabão utilizado vai ser suficientemente bactericida e nem fungicida para eliminar as bactérias e fungos presentes principalmente nas meias. As calçinhas devem ser lavadas de preferência separadas de outras roupas. Devem ficar expostas ao sol para secagem e passar antes de utilizar. 03 – uso compartilhado de produtos e materiais de higienização e uso de peças íntimas de outras pessoas.
Situações clínicas:
01- uso de medicamentos para tratamento de algum problema de saúde, que esteja interferindo no ph vaginal.
02-portadores de doenças que diminui a imunidade.
03- fístulas anovaginais.
04 - infecções pélvicas.
05 - distúrbios hormonais.
06 – portadores de doenças crônicas, como por exemplo, a diabetes.
07 – outros fatores infectocontagiosos.
Algumas orientações para reduzir ou eliminar os corrimentos vaginais:
Durante o banho lavar bem a vulva (pequenos e grandes lábios).
Usar sabonete neuto ou sabonete íntimo. Não utilizá-los no canal vaginal – somente na parte externa.
Não usar papel higiene colorido e perfumado.
Evitar o uso de calcinhas com tecido sintético. Dá preferência a calcinhas com tecido de algodão.
Não realizar duchas vaginais sem necessidade.
Uso de roupas leves e pouco apertadas.
Uso de roupas leves para dormir, promover melhor ventilação da região genital. Melhor não usar calcinha pra dormir.
Não ficar mais que 04 horas com o mesmo absorvente.
Em regiões de clima quente como em nossa cidade, melhor realizar higiene íntima de 02 a 03 vezes por dia.
Durante o período menstrual a higienização pode ser mais frequente, para diminuir o acumulo de bactérias e fungos. Nessas situações pode esta usando lenços umedecidos para higienizar a vulva a cada troca de absorvente quando não houver condições de realizar ducha/chuveiro.
Realizar exames preventivos anualmente.
Consulta com um ginecologista pelo menos uma vez ao ano.
Sempre que tratar um problema, solicitar a avaliação clínica do parceiro sexual.
Usar preservativos nas relações sexuais.
Uma outra informação importante para você mulher é para não deixar os problemas ginecológicos sem uma solução. Procure uma unidade de saúde e peça ajuda profissional para solucionar o problema e a causa do mesmo.
TEXTO: Waldiney Canni Santos é enfermeiro e atua no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA Juína) e escreve especialmente para o JNMT
Gostaria de dar os parabéns a vocês do JNMT, por postar uma matéria tão importante quanto essa.
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